Cultura na Roça
O dia da família Gardini começa às cinco e meia da manhã, quando Rute acorda para fazer o delicioso café fresco para começar o trabalho na roça. Os dias de plantio e de colheita começam sempre bem cedinho, assim que o dia amanhece. Junto com o marido Isaias, cultivam milho verde, aipim e feijão. São destes grãos que a família tira o sustento para os dois filhos, a Morgana e o Junior.
A menina Morgana de 13 anos, ajuda com os afazeres da casa e a cuidar do irmão de 6 anos. Praticamente todos os alimentos são tirados da roça. Além das plantações, a família tem criação de animais, mas estes são para alimentá-los. Como a galinha, pato, marreco e a galinha d’angola onde são utilizados os ovos. Dos porcos a família utiliza a carne, o óleo e o torresmo. E o leite puro da vaca para completar o ótimo café da manhã.
Nesta comunidade afastada moram muitas outras famílias, que também tiram o sustendo das plantações, dos animais, das comidas caseiras e dos artesanatos. Esta maneira simples de se viver faz com que as pessoas se relacionem mais e troquem seus cultivos. No mercado compram apenas para o material para a limpeza e o necessário, pois não há costume de exagero e consumo. Estas famílias que fazem parte da comunidade do bairro São Roque e da Colônia Japonesa, também fazem alimentos coloniais, como queijo, salame melado. Além de todas essas atividades, Rute é presidente da Associação das Mulheres Agricultoras e é líder que representa os agricultores do bairro São Roque.
A água potável é retirada na nascente no morro. Por mais que tenham tratamento de água, preferem pegar na nascente. “Não há comparação entre beber água pura da água tratada”, conta Rute, que busca a água da nascente que tem perto da casa de sua irmã. Essas são algumas diferenças e privilégios que essas pessoas que moram num local afastado, calmo, sem poluição e com muito verde. Rute completa e diz que “tem grande diferença entre o meio urbano e o rural, mas há mais vantagem morar no meio rural, pois produzimos e cultivamos tudo que precisamos para sobreviver, nada em excesso”.
Às onze da manhã, Rute volta da roça para fazer o almoço para a família. A mulher que vive no meio rural, não deixa de lado as responsabilidades que tem como mãe e dona de casa. Além de ajudar nas plantações, Rute cuida da casa, dos filhos e faz o serviço doméstico. Mas para tudo isso conta com a ajuda da filha Morgana. Nas épocas de plantações e colheitas, Rute fica na roça durante o dia e volta somente no final da tarde. Mas, na época do ano que não estão plantando, Rute e outras mulheres da comunidade aproveitam para fazer cursos de artesanatos onde utilizam como matéria prima os materiais das plantações, como a palha de milho.
Esta matéria foi publicada no Jornal do Colono em 2006
Comentários
Este texto por exemplo, dá quase as vias de uma analise antropológica, lógico que se propõe ao jornalismo. Entretanto as semelhanças são inegaveis. E tenho certeza que vc já redigiu textos cheios de política e sociologia também hehehehe ... coincidência ou não, quem sabe ???
Ótimo texto, parabéns !!!
Beijões